MACHETE: origem do nome da viola dos pretos
Seguindo nos aprofundamentos das pesquisas apresentadas no livro A Chave do Baú, neste Brevis Articulus apresentamos recentes descobertas, que temos várias razões para acreditar que seriam inéditas, sobre as “machetes” (pronuncia-se “machêtes”, como se tivesse acento): cordofones pequenos, cinturados, de fundo plano, origens do atual modelo Viola Machete: as violas que teriam os registros mais antigos, numerosos e mais desprezados da Família das Violas Brasileiras. Sempre lembrando, porque já começam a utilizar sem citar nosso nome, uma “Família” que é contextualização científica pioneira e atrevida nossa, nessa ainda terra ainda tão tupiniquim onde até bem pouco tempo praticamente só se conhecia o modelo Viola Caipira.
Nossa primeira motivação foram algumas “achâncias” no sentido que “machete” teria algo a ver com “maRchetaria”… Para ser honesto, à primeira instância, uma quase “desmotivação”: pessoas que não percebem um “R” a menos numa palavra se aventurarem a tentar apontar origens, como dito, na base da “achância”. Melhor seria, que ficassem caladas do que dar atestado de que não estão nem um pouco acostumadas a pesquisar… Neste ponto, compartilhamos uma mesma dor com linguistas, pelos “achistas criativos”, um verdadeiro cancer.
Duas outras constatações felizmente nos levaram a querer transformar este verdadeiro e muito azedo “limão” numa doce “limonada”: primeiro, que “machete” e “marchetaria”, juntos, nos lembraram o grande luthier baiano Rodrigo Veras, mestrando, um dos mais importantes nomes das Violas Machetes atuais e que sempre nos socorre com fontes e informações – a ele, inclusive, dedicamos este Brevis Articulus e as novas descobertas.
Em segundo lugar, porque entendemos que ainda não teria sido apontado, de forma séria e embasada, as mais prováveis origens do termo “machete” enquanto nome de instrumento musical. Não é difícil de entender: estudiosos de Portugal – onde “machete” e “machinho” já seriam utilizados pelo menos desde 1712 (ver BLUTEAU, nas referências ao final)-, raramente citam as nossas machetes brasileiras (ver Vieira, 1899; Veiga de Oliveira, 1964; Morais, 2011) – com menção honrosa a umas poucas, citadas num contexto de estudos sobre o cavaquinho (Nuno Cristo, 2019 – vai que ele um dia resolve ler aqui, né?).
Já os poucos estudos sobre nossas machetes, curiosamente teriam focado nas atuais Violas Machetes baianas, a partir do início do século XX (ver Wadley, 1980; IPHAN, 2006; Souza Lima, 2008; Pinto & Graef, 2012). Estes últimos, até citam vez ou outra as machetes portuguesas e alguns outros registros que não seriam exclusivamente na Bahia (Camara Cascudo e Maynard Araújo, [1954]) – mas observa-se nas referências apontadas em todos estes estudos que não teriam sequer lido um significativo número de citações por várias partes do Brasil, principalmente no século XIX. Veja, por exemplo, citações que envolveriam pequenos cordofones em batuques, que levantamos em nossa monografia: Lindley (1806, p. 191); Freyreiss ([1815], p. 542); Koster (1816, p. 241); Tollenare ([1817], p.137); Pohl ([1819], p. 608); Spix & Martius (1823, p.294); Neuwied (1825, p.33: p.91); Walsh (1830, v2, p.137); Debret (1839, v2, p. 128); Rugendas (1835, p.25); Mattos, 1836, p. 37; Gardner (1846, p.49); Saint-Hilaire (1848, v2, p. 60); ([Gonzaga], 1863, p. 185); Wells (1874, p.198).
Sim: nós não brincamos quando o assunto é levantar referências… Observe que foram pessoas de línguas, culturas e formações científicas diferentes que, por várias regiões do país, durante várias décadas, teriam feito descrições muito semelhantes. Talvez por não tiverem sido feitas boas traduções antes, estas informações tenham se perdido no tempo – ou, talvez, pela maior manifestação musical dos primeiros séculos no país (como já foi dito por outros) ter vindo dos pretos – será que ainda existe preconceito? Também faz diferença se for considerado apenas um ou outro registro, separadamente (que é muito observado que teria sido feito).
Nós retraduzimos tudo que conseguimos a partir dos originais (em inglês, alemão, francês) e contextualizamos com olhar musicológico e outras coerências. Os instrumentos são citados, a maioria das vezes, com variações próximas a “guitarra” (dependendo da língua), mas há quem tenha descrito como “bandolim” ou “banjo”, por exemplo, que seriam instrumentos de tamanho menor conhecidos pelos estrangeiros, mas sem registro de terem existido por aqui, à época. Alguns chegaram mesmo a grafar “viola” (que era como os portugueses chamavam), assim como “machete” ou “machette”. A melhor que achamos foi guitarre de poche (“guitarra de bolso”, em francês). Antes, estes instrumentos teriam sido traduzidos como “cavaquinho” ou “violão” – instrumentos que nem existiriam antes de 1820… Sobre isso, assim como “maRchetaria”, nem vamos comentar.
O que interessa é que todas as descrições eram de atividades des pretos em grupos onde se tocava, cantava e dançava – e onde termos próximos a “batuque” e “lundu” apareceram várias vezes, além de “fandango” (que era o que alguns entenderam que seria parecido, na Europa). Alguns estrangeiros interpretaram equivocadamente que seriam danças distintas, com base em algum pequeno número de amostras (e de conhecimento) que tiveram. Mais importante, além de considerar o nível de conhecimento musical que cada narrador teria, é analisar um bom conjunto de registros, por vários contextos históricos.
As machetes (ou “machinhos”, ou “machetinhos”) não poderiam ter surgido (pelo menos) desde o século XVIII em Portugal para depois reaparecerem milagrosamente no século XX no Brasil. Não é assim que funciona com cordofones populares – pelo menos, não é o que temos visto desde os textos em latim mais antigos que conseguimos traduzir, de dois séculos antes de Cristo.
Na verdade, ao analisarmos pelo espectro mais amplo (de regiões e datas), percebemos que pequenos cordofones cinturados, de fundo plano e com poucas cordas, chamados guitarras, teriam surgido na península hispânica, pelo menos desde o século XVI (ver Bermudo e Amat) como concorrência a pequenos cordofones árabes (“pequenos alaúdes”), que eram periformes, com fundos abaulados; estes últimos eram chamados mandurras (que remete ao árabe pan-tur) e/ou bandurrias (uma espanholização). Árabes (ou “mouros”) foram invasores que desde o século VIII teriam levado seus cordofones para o território europeu – este é o contexto histórico-social que justifica porque, com o tempo, surgiram instrumentos similares, mas com caixas diferentes (cinturadas), que ganharam a preferência dos europeus.
Um contexto histórico-social também explica porque, em 1822 um italiano (e só ele), em Lisboa (e sem nunca ter vindo à Colônia), citou que um preto brasileiro (Joaquim Manoel) teria tocado (e até inventado!) um “cavaquinho” – este que teria sido uma petite viole française (“pequena viola francesa”). Outros, que efetivamente teriam visto Joaquim tocar (e muito bem) chamaram o instrumento de guitarre (em francês), bandurra ou viola.
Ora… “viola francesa” (ou “violão”) são nomes utilizados pelos portugueses que não tem qualquer fundamento quanto à procedência das guitarras: estas seriam espanholas, e na época já teriam feito grande sucesso com 5 ordens de cordas (as chamadas “guitarras barrocas”) e depois evoluído ao modelo com 6 cordas simples, de mais sucesso ainda (como é até hoje, pelo mundo).
Não é que os portugueses não soubessem disso: é que eles não queriam “dar palco” a nomes de culturas árabes, nem espanholas: “viola” (já utilizado na península itálica) foi o nome que escolheram, se agarrando só a ele para todos os cordofones portáteis com braço – a solução que satisfez o (em nossa opinião) até bonito nacionalismo (ou patriotismo) português.
Em outro caso similar, “cavaquinho” também teria agradado mais ao patriotismo pois, à época, “machete” remeteria também a um instrumento típico dos pretos (segundo diversos anúncios de jornal, de várias regiões do Brasil, no século XIX – disponíveis para consulta pela Biblioteca Nacional Digital). Não: portugueses não “dariam palco” a um nome então “mais brasileiro”, e pior ainda, instrumento de pretos… E assim surgiu o cavaquinho, puramente a partir de um nome: curiosamente com seis cordas, no início (como a “viola francesa”), depois passando também por cinco cordas (Regimento dos Ofícios de Guimarães, 1719) e que hoje se consolidou, tanto por lá quanto por cá, em 4 cordas. Os portugueses não abandonariam completamente o nome “machete”, que também sobrevive, junto com “braguinha”, “rajão” e outros – todos, instrumentos muito similares e é aí que ocorreu o equívoco de estudiosos, por pensarem que aqui no Brasil também seriam equivalentes “cavaquinho” e “machete”. Não seriam e não são.
É também pelo contexto histórico-social diferente que nossas machetes teriam se desenvolvido, muito provavelmente a partir da mesma época (início do XIX), com 10 cordas em 05 duplas – a armação mais famosa entre violas (mas originária das guitarras espanholas, chamadas “viola” pelos portugueses) e bem diferentes do cavaquinho e até das machetes mais antigas. Diferente também das guitarras, das bandurrias… Nossas machetes são particulares – e talvez só os charangos, famosos por toda a América Latina, usem a mesma armação em instrumentos pequenos (não pesquisamos isso ainda).
Percebe a minúcia? Nós, bem diferentes dos portugueses, não temos o mesmo tipo de nacionalismo (se é que temos algum tipo). Tínhamos muitos pretos (muito mais do que brancos), chamando os instrumentos de “machete” (que eram também “viola”). Quando surgiram “cavaquinhos” portugueses, diferente deles os brasileiros não teriam tanta tendência a usar nomes genéricos – a solução popular surgida aqui então foi separar dois instrumentos diferentes de alguma forma, o que, no caso, foi pela armação de cordas. No fundo, no fundo, todos seriam “pequenas guitarras” (até o ukulelê hawaiano): cordofones cinturados pequenos, com pequenas diferenças de acordo com as culturas e seus respectivos contextos histórico-sociais.
A esta altura, dá pra entender porque se observam em escritos antigos nomes como “guitarrilha”, “bandurra”, “bandurrilha”… certo? Seriam instrumentos pequenos… E tivessem sido tocados por um preto, brasileiro? Será que poderiam ser considerados “machetes” também? Isso nenhum estudioso até hoje teria apontado. Estes nomes seriam de instrumentos tocados por um “poeta”, segundo textos próprios e/ou alegados a Gregório de Mattos, o “Boca do Inferno” (que viveu aproximadamente entre 1636 e 1696). Ele é considerado “apenas poeta”, segundo a maioria dos atuais estudos sobre a História do Brasil… Não músico, sequer “violeiro”. Realmente, não se conhece registro literal do nome “machete” no tempo em que ele viveu. Outros pretos sensacionais e brilhantes teriam sido Euzébio de Mattos (irmão de Gregório), Padre José Maurício Nunes, Joaquim Manoel – todos, com registros de que teriam utilizado “violas” – teriam sido “machetes”?
A mais remota citação que conseguimos descobrir até agora de “machetes e machinhos” (que seriam “violas pequenas”) aponta para 1712, em Lisboa, por Bluteau (como já dissemos). Em terras brasileiras, “violas ou machinhos” teriam sido observados a partir de 1744 e “machete de tocar”, desde cerca de 1790, em documentos de alfândega (ver Pereira, 2013). Violas, entretanto, já teriam tamanhos variados desde 1572, pelo Regimento dos Violeiros de Portugal (Morais, 1985) – e “violas pequenas” já constariam desde o ano de 1700, segundo os mesmos documentos de alfândega do Rio de Janeiro.
De onde teria vindo este nome “machete”, que Veiga de Oliveira, em 1964, teria citado que “… parece ser uma palavra arcaica, caída em desuso, e subsistente nas Ilhas e no Brasil”? Resolvemos pesquisar…
Começando pelo uso geral: “machete” seria também o nome de um facão ou marreta (como aponta para um diminutivo, preferimos dizer que seria um “machado pequeno”). Teria vindo de “macho”, masculus em latim, segundo a maioria dos etimologistas, que só apontam significado como “instrumento musical” em Português. Nos textos em espanhol de nosso banco de dados, realmente não consta – mas faz sentido, pelo que já dissemos: eles abandonaram as pequenas guitarras (e as vihuelas, maiores) a partir do século XVII, em função do investimento nas “novas guitarras”, de tamanho intermediário e com 5 ordens.
Acabamos por encontrar algo pouquíssimo estudado em edição do ano de 1788, do livro Allgemeine geschichte der Musik (“História Geral da Música”), do musicólogo alemão Johan Nicoulau Forkel (1749-1818). Forkel é considerado um dos fundadores da musicologia moderna e, por isso, já tínhamos pesquisado antes uma edição deste livro, do ano de 1801 – mas só na edição mais antiga constaria… MACHOL. Forkel teria pesquisado este nome em várias fontes (que não tivemos como checar, pois seriam manuscritos) e não teria chegado uma conclusão – apenas que, sem dúvida, teria sido um instrumento musical e que equivaleria a SCHALISCHIM (mas já foi algo importante e fundamentado). Entre as fontes dele, algumas teriam apontado que equivaleria também a MACHALAH, hebráico (bem mais parecido com MACHOL)… A ligação com língua árabe fez acender, para nós, uma luz – já consegue perceber? Não? Então sigamos…
Fuça daqui, fuça de lá, encontramos alguns poucos entendimentos – e diferentes: Curt Sachs, em 1913, teria entendido que MACHOL […] wird heute nicht mehr als Name eines Instruments (“não é mais considerado nome de instrumento”) e em 1940 nem mais o citaria. Ernesto Vieira, em 1899, tinha entendido ser “uma flauta mencionada no texto hebraico da Bíblia”. Vimos algo a este respeito (de ser bíblico) também pela internet, então fomos conferir a Vulgata online – versão em latim, a chamada Bíblia Constantina. Nos textos, nada – mas em comentários de estudiosos, lá mesmo, encontramos que Maeleth (além de ser nome de uma filha de Ismael), equivaleria ao hebráico MACHALATH, instrumento musical citado em salmos de David. Comentários semelhantes, por autores diferentes (em inglês, francês e italiano), num website sério – e por isso os consideramos consistentes. Mas… se não constava na Bíblia em latim, poderiam os portugueses ter ido de maeleth a machete? Bom, a pronúncia ajudaria um pouco… mas vai pensando aí, enquanto lê…
Primeiro precisávamos “tirar a prova” do que teria lido Fokel, pois não acreditamos cegamente em ninguém – então fomos procurar livros sobre textos bíblicos em hebraico (não “livros em hebraico”, que não temos competência para ler, mas “sobre textos em hebraico”, em outras línguas). Acabamos por encontrar um excelente, em alemão, de 1777: Einléitung zu dem Neu-Testamentlichen Gebrauch der Psalmen Davids (“Introdução ao uso dos Salmos de Davi no Novo Testamento”), do teólogo alemão Friedrich Christoph Oetinger (1702-1782). Estava lá, tanto para o Salmo 53 quanto para o 88 (as numerações diferem em um número das da Bíblia em latim): […] Meister in der Musik aus Machalath (“mestre em música de Machalath”). E Otinger ainda detalhou: Machalat ist ohne Zweifel ein musicalisch Instrument zum Trauerspiel, leannot, das ist, ein Schwermuthsinstrument, einen zu demüthigen, einen traurig zu machen (“Machalat é sem dúvida um instrumento musical – dramático, magro, isso é, melancólico, triste”) – no caso, nossa tradução se reforçou por citação em latim sobre possíveis significados de MACHALAT. Cruzamento de alemão com latim dá o quê, “alemin”? “latimão”? Aí não sei… mas sei que foi assim.
Estava lá também, dos Salmos 45 e 69, sobre SCHALISCHIM, que seria o mesmo que SCHOSCHANNIM […] welches ein Instrument von 3 Saiten Tönen oder Ecken bedeutet, so auch das weibIitche Geschlecht tractiren konnte (“instrumento de 3 cordas, tons ou cantos, ligado ao gênero feminino”) – feminino, porque shoschannim seria também o nome de uma flor, um tipo de lírio. Conferimos, e realmente ainda significaria até hoje “uma flor” e vários teriam entendido apenas assim, desprezando o significado de instrumento musical – inclusive na Vulgata online, em latim. Só que nessa mesmo, de novo, dois estudiosos (Vigouroux e Haydock) alertariam em notas que poderia ter sido instrumento musical e não uma flor…
Para nós, uma interessante coincidência, pois já havíamos percebido, há tempos, que “viola” teria sido primeiro nome de flor – um tipo de “violeta” – em latim (sec. VI), só surgindo como nome de instrumento a partir do século XII – e os dois significados ainda convivem. Um cordofone com nome de flor, pra nós, tá tranquilo…
Nosso problema, principalmente, eram posições contrárias de Sachs – tanto para MACHALAT (do qual não apontou conclusão, mas desaconselhou traduzir como instrumento) quanto para SCHALISCHIM (do qual foi categórico em afirmar que não seria instrumento musical). Respeitamos demais (como grande parte do mundo respeita) as pesquisas de Sachs: talvez seja, de longe, o musicólogo mais completo da História, tendo mergulhado em línguas que outros nem teriam pesquisado, como grego, hebraico, etc. Como já citamos, consultamos ótimos levantamentos dele desde 1913 a 1940 – é muito tempo pesquisando, descobrindo, publicando!
Mas… era um ser humano, e já tínhamos encontrado brechas de análises dele a partir de originais em línguas latinas (ele era alemão). Checando a análise dele sobre schalischim, ele afirmou que o termo só teria aparecido uma vez na Bíblia hebraica (em 1 Samuel 18, v. 6), com a grafia salisim (que ele, entrentanto, confirmou que teria a ver com o número “três”). Uma vez mais confrontando com a Vulgata em latim, salisim teria sido traduzido como sistri (“cistro”) e esse já é nosso conhecido: embora alguns o confundam com um instrumento de percussão egípcio antigo (inclusive Sachs), não há dúvidas, por grande número de registros analisados, que tenha se ressignificado depois para nome de cordofone – e seria uma das muitas variações em latim a partir de kithara (grego) – cithara, cedra, cetra, cistro, sistro… Sim, dessas teria sido gerada a atual família dos cistres, de caixa arredondada (bandolins, guitarra portuguesa, etc.).
Sachs aponta ter visto SCHOSCHANNIM (na grafia sosanim) nos Salmos 45 e 69 e nem se deteve em maiores análises, indicando equivocadamente que significaria liles (“lírios”) – mas teria sido sem dúvida um instrumento musical. Neste raro caso, nos parece sem dúvida mais consistente o apontamento de Oetinger – que até não poderia saber tanto sobre instrumentos musicais como Sachs (quem saberia?), mas teria sido professor de hebraico e especialista em Salmos. E nós sabemos que as machetes sobrevivem até hoje, e que o nome, como instrumento musical, não teria vindo do latim, nem espanhol, italiano, etc.
Entre os vários aspectos que analisamos até apontar que o diminuitivo MACHETE teria evoluído a partir de MACHOL e MACHALAT (hebraico) vem o fato que a lusitânia (assim como toda a península hispânica) sofreu invação muçulmana por cerca de sete séculos – e até Bíblias teriam sido traduzidas para árabe / hebraico.
Então, foi assim. Muito obrigado por ter lido até aqui – e vamos proseando…
(João Araújo é músico, produtor, gestor cultural, pesquisador e escritor. Seu livro A Chave do Baú é fruto da monografia Linha do Tempo da Viola no Brasil e do artigo Chronology of Violas according to Researchers).